quinta-feira, 23 de abril de 2009

Vinte anos depois

Há pouco menos de duas semanas, ao chegarmos em casa onde eu havia pregado no culto da igreja, falei algo sobre o que estava sentindo naquela noite. Minha esposa falou algo sem nenhuma novidade, mas que me fez pensar o que até ali não estava considerando. Ela disse: "Você está há vinte anos nesta igreja, mas nunca parou para descansar". Ao ouvir aquelas palavras parei para analisar as implicações desse meu comportamento. De fato, em vinte anos, não sei o que significam férias de qualidade. Nos primeiros anos, ignorei completamente o assunto. Quando comecei a fazer isso, na maioria das vezes ficava em casa, apenas não participava dos cultos da igreja, mas acompanhava todas as situações através da família que continuava participando normalmente de todos os cultos.

Lembrei-me de Jacó, o filho de Isaque, que trabalhou vinte anos para o seu tio Labão (Gn 31.38), mas não soube descansar, trabalhando dia e noite sem parar (Gn 31.40). Trabalhou muito, prosperou bastante, mas era um homem solitário, medroso, e que não cresceu em sua relação com Deus. Duas décadas depois voltava para casa, e percebia que os problemas do passado, o que lhe tinha feito mudar de endereço, continuavam os mesmos. Jacó não sabia se relacionar bem com as pessoas, o que consequentemente não lhe habilitava a se relacionar com Deus. Foi olhando para trás que ele aprendeu a olhar para frente e para cima. No vau de Jaboque ele teve um encontro com Deus e sua vida foi transformada (Gn 32). O enganador virou príncipe de Deus. Demorou, mas ele mudou, quando decidiu não continuar vivendo apenas de esforços próprios, mas viver com Deus.

Não planejei o que está acontecendo. Voltei das "férias" no início de fevereiro. Voltei para mais um ano, mas fui percebendo que algo em mim foi perdendo força. É como um balão que vai murchando. Exatamente no ano do jubileu da igreja, me vejo sem júbilo num pastorado de vinte anos. Quero descansar, renovar, recomeçar. Já!

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